Todo mundo odeia personagem ruim
O que o rolê dos atores de "Todo Mundo Odeia o Chris" ensina sobre construção de personagens memoráveis.
O seriado de 2005 nunca esteve tão em alta. Mais popular no Brasil do que nos Estados Unidos, a terra de origem, “Todo Mundo Odeia o Chris” ganhou uma legião de fãs tupiniquins e o amor pelos “causos” vividos pelo personagem Chris no dia a dia foi transferido da ficção para a realidade.
A treta com Tyler James Williams, o ator que interpretou Chris, é antiga. Depois de uma avalanche brasileira em suas redes sociais, o ator, que não entendeu muito bem o quanto é querido no país, decidiu dar um basta. Bloqueou os comentários de suas publicações e deu algumas declarações que não foram muito bem vistas.
Em um programa de TV, contou que se sentia confuso com os comentários em português no Instagram, não podia lê-los e chegou a pensar que era spam, até descobrir que, na verdade, tratavam-se de pessoas reais no Brasil. Fãs de seu personagem que reproduziam os bordões da série e momentos marcantes em brincadeiras nos comentários.
A história de amor não correspondido entre Tyler e os brasileiros entrou em uma nova temporada recentemente. O amor que foi rejeitado acabou sendo transferido para outro personagem: Greg, o melhor amigo de Chris. Vicent Martella declarou carinho aos fãs brasileiros e foi recebido como nunca antes.
Um mutirão fez o ator subir de 150 mil seguidores para mais de 6,5 milhões, apenas para que superasse os números de “Chirs”. Greg veio ao Brasil, deu entrevistas, participou de campanhas publicitárias e saiu lucrando e muito com o carinho dos fãs brasileiros.
O Brasil está tão na sua, Greg!
E toda essa história nos mostra como as fronteiras entre ficção e realidade são delicadas. Uma boa história com personagens cativantes e muita identificação com o público tende a permanencer na mente dos fãs por muito, muito tempo.
Mas como criar personagens assim? Vamos ver o que “Todo Mundo Odeia o Chris” nos ensina sobre construção intencional. Essa é a edição gratuita do “Pacotinho do Escritor”, mas lembre-se de que, por menos de R$ 10,00 por mês, você pode se tornar um assinante VIP e desbloquear todo o conteúdo ouro já postado, além de ter acesso aos novos.
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Gente como a gente
Diferente de “Chris”, que desdenhou o Brasil, Vicent Martella mostrou que é gente como a gente. Visitou o país, bebeu cerveja no boteco, posou ao lado de um cão caramelo e mostrou não apenas o carinho ao Brasil, mas muita simpatia e humildade.
A realidade se mistura com a ficção, mas os elementos que fazem o público se sentir cativado pelo personagem não são muito diferentes do que faz o público se sentir cativado pelo ator também.
Os personagens de “Todo Mundo Odeia o Chris” cativaram muito o público com as situações cotidianas que representavam e que até hoje, são próximas da realidade de quem está assistindo.
O pai Jullius com seus problemas financeiros mascarados, a mãe Rochelle com seu pulso firme e as broncas que dava nos filhos, as brigas entre as crianças, os desafios de Chris na escola, as brincadeiras e piadas.
Quando você cria um personagem, existe dois caminhos: criar um boneco que age e fala de maneira mecânica ou criar alguém que é tão real quanto os amigos, os vizinhos, os primos do leitor ou ele mesmo. Na hora de construir, buscar elementos que geram identificação com o público ajudam a deixar o seu personagem mais forte (e muito cativante também).
Os bordões e a repetição
Se você entrar nas redes sociais dos atores e ler os comentários de qualquer post, verá frases se repetindo. Nas publicações do “Greg”, há muitos comentários com o famoso: cara, ela tá tão na sua.
Porém, se você entrar no perfil da atriz Tichina Arnold, a queridinha que interpretou a mãe Rochelle, verá outras frases se repetindo, como: meu marido tem dois empregos. Você também verá muitas menções aos produtos Ivone e brincadeiras sobre isso.
Um personagem se torna memorável também quando há elementos fortes que o identificam. Um bordão, algo que é dito muitas vezes, uma maneira de agir que se repete sempre, um tipo de roupa que é o estilo do personagem, tudo isso faz com que ele fique gravado na memória do leitor.
Outro ponto fundamental a se pensar na hora de criar protagonistas, mas será que é só isso?
A delicadeza da construção ✨
Muita gente erra ao criar personagens porque não sabe como ser intencional durante esse processo. Você escolhe uma cor preferida, alguns elementos de personalidade e deu, resolve escrever e inventar enquanto produz suas páginas.
Só que escrever e inventar ao mesmo tempo não costuma ser uma boa ideia, não se você quer criar personagens que sejam tridimensionais e conduzir a sua história com coerência e capacidade de envolver, cativar e fazer sentido na mente do leitor.
Por isso, eu sempre recomendo se aprofundar em todo esse processo que envolve pensar em um enredo, personagens, capítulos e texto. É uma dança que exige que o autor seja intencional em todas as etapas para que fique bem feito. Eu gosto de dizer que ninguém envolve o leitor por acaso ou por sorte. O escritor que sabe criar uma narrativa envolvente, tem muita consciência do que está fazendo.
Eu também recomendo o uso de fichas de personagens na hora de criar os seus, mas cuidado com as fichas que você usa. Na internet tem muita ficha vaga e com perguntas aleatórias. Lembre-se que protagonista tem arco de desenvolvimento, questões muito humanas que dialogam com o conflito e muitas justificativas por trás.
Eu ensino todo esse processo do zero no MAP de Criação Literária. O treinamento tem módulos de criação de enredo, estrutura, construção de personagens, capítulos e as técnicas do texto literário. Os alunos recebem materiais para desenvolver e são convidados a trabalhar na própria obra desde o início das aulas.
Diferente de muitos cursos de escrita criativa que jogam teorias em cima do aluno, não mostram como aplicar na prática e trazem exercícios aleatórios para praticar, no MAP você é tratado como um escritor em formação desde o início e recebe tudo o que precisa para desenvolver o potencial das suas ideias e transformar o que se passa na sua mente em narrativas que prendem o leitor do início ao fim, ⭐️
As inscrições estão fechadas, mas você pode entrar na lista de espera aqui.
A chave do castelo 🏰
→ Já que falamos sobre identificação com o público, vale a pena pensar que isso também é sobre marketing e sobre como cativar o seu público leitor nas redes sociais.
→ Falei sobre algumas estratégias importantes aos escritores neste post.
→ Um podcast imperdível para aprender mais sobre autopublicação.
→ Pegue essas dicas de livros disponíveis no KU, estrangeiros e nacionais! E para a minha alegria, “O Leão da Casa Azul” está na lista. 🦁
Lâmpada criativa 💡
Estava relembrando o “Canal do Pato”, uma novela que eu fiz nos stories há dois anos, indo contra tudo aquilo que eu sempre prego: planejamento de enredo antes de dar vida para uma história.
Acontece que, há dois anos, eu estava aqui onde estou, na Suécia e fazia longas caminhadas no parque perto de casa. Depois da primavera, alguns pássaros migram e o parque fica repleto de pássaros brancos, pretos e muitos, muitos patos.
É uma bicharada mesmo, gritando, voando, entrando no lago e saindo. Eu elegi alguns deles para serem os protagonistas. O enredo se tornou uma disputa entre espécies diferentes, com um pouco de bruxaria, uma história secreta por trás e um protagonista pato irresistível e apaixonado: o George.
Até hoje sou cobrada para retomar o Canal do Pato. Cada vez que eu ia no parque, gravava minhas cenas, imaginava a construção da história e postava um episódio. Depois, ficava pensando na construção, para onde eu queria levar a história, o conflito, o desenvolvimento e seguia.
A minha experiência e conhecimento me permitiram criar algo que fazia sentido sem planejar nada, porque estou ciente das leis da criação literária, sei a estrutura de cabo a rabo, sei o que é um conflito com potencial e como envolver na minha narrativa.
Como era uma brincadeira, não levei a sério o suficiente para planejar com antecedência, mas quando se trata de um livro mesmo que quero publicar, jamais faria desse jeito. Eu desenvolvo todas as etapas do enredo e quando vou escrever, me permito mudar os rumos de acordo com as ideias novas e melhores que surgem.
Porém, é legal também deixar a imaginação rolar solta. Eu considero isso um bom exercício de criatividade. Dar uma voltinha no parque, ver alguns patos, imaginar uma história com eles e brincar de desenvolver. Exercícios de criatividade são sempre válidos e estimulam a sua imaginação.
Procure sair por aí, veja o que há ao redor, o que pode virar uma história. Imagine, brinque, crie. Tenha você conhecimento de enredo ou não, faça com que as suas ideias saiam de você sem muitos julgamentos. Deixe para analisar depois que você tiver criado algo concreto.
E divirta-se no processo, sempre! ⭐️